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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Disfarçando tumor com humor.

Há tempos que venho numa longa jornada, passando por analistas, podólogos, bingos de terceira idade, sessões de chá do santo Daime, amores frustrados, aulas de canto Gregoriano, dosador de P.H em detergentes corrosivos, juiz de rinha de brigas de galo no sítio do tio Edgar e toda e qualquer terapia que aliviasse esse meu pesar interior.
Até que um dia, Marco Túlio, meu parceiro do grupo de assistência a restauração de bidês Coloniais Ibéricos(esqueci de citar essa terapia) me convidou para fazer um check-up em sua clínica oncológica gratuitamente como sujeito disposto a tudo aceitei e fui tranqüilamente, ainda mais quando soube que na tal clínica serviam Waffers e Tubaína aos clientes.
Chegando lá me deparo com uma clínica altamente limpa, higiênica, cheirando a Amílscar e tudo de um branco impecável mesmo, pensei até ser um necrotério ou casa de ¨Horroshows Ultraviolence¨. Passada essa primeira impressão me acostumei com a idéia de estar em local seguro, ainda mais quando li o anúncio ¨Câncer, ou você tem ou você não tem, caso não tenha pegue a ficha e se encaminhe à porta 317, caso tenha, relaxe, pois acabaremos logo com isso e o eliminaremos, o câncer.¨ logicamente me acalmei.
Do nada surge uma voz, que não sei mesmo de onde ressoou, pois não tinha ninguém na recepção Senhor Delson Robson favor se encaminhar à sala 202, antes vá ao lavatório, coloque os devidos trajes lá encontrados e por favor se dirija até a sala de terapia, obrigado.
Terapia? Assim que ouvi essa palavra fui direto ao lavatório, lá encontrei os trajes, brancos por sinal, coloquei-os e sobre a pia havia um frasco com uma seta na parede ao lado que lhe dava enfoque e dizia: - Tome esse sonífero. Eu obediente que sou, tomei e fui direto à sala de terapia.
Cheguei, abro a porta e um clarão mais forte que o Big Bang me cega por alguns segundos, pensei ter morrido e chegado ao Céu, era um branco absolutamente branco, maior e mais incômodo até do que os outros brancos outrora vistos. Do nada três educados homens de perfis gauleses me agarram e me colocam numa mesa fria onde metade de minhas canelas ficavam à deriva( acho isso um dos piores momentos da vida humana, enfim.) E uma luz mais branca ainda surge sobre minha cabeça, mas nem era nada, somente efeito do tal sonífero, apaguei na hora.
(Bem, fui fazer café, já volto e relato esse acontecimento que marcou minha vida.)
Pronto. Como dizia...Ah sim, continuando.
Quando acordo estou numa ilha deserta, deitado em uma rede e com uma carta amarrada à mão esquerda que dizia:
¨ Caro amigo, temos boas notícias. Você não tem câncer, essa era a boa notícia. Mas infelizmente agora você tem três tumores malignos no encéfalo.
Supostos guerrilheiros invadiram nossa clínica enquanto fazíamos seu check-up, detonaram nossa pequena ogiva nuclear e por circunstâncias trágicas você foi infectado, em solidariedade ao fato, nós da ¨Fique bem Cancerígenos Assossiados¨ lhe destinamos essa viajem a uma praia deserta e afrodisíaca para que passe esses seus últimos momentos em vida, desculpe-nos por qualquer coisa e aproveite essa estadia¨.
Após ter lido essa carta, me pergunto: Será mesmo a vida um absurdo? Onde acho cigarros nessa ilha? Estarei sozinho aqui?
Mas são todas perguntas fúteis, pois não terei nem tempo de encontrar respostas.
O que mais me indignou em tudo isso é que a propaganda de Waffers e Tubaíanas gratuitos na clínica era falsas.

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